23 de dezembro de 2006

Era uma vez...


Era uma vez
Uma fada e um anjo
Nunca os conheci
Eles vivem em um conto encantado
Dentro de um livro branco
Que eu leio todos os dias

Eles se desejam
Deveras...
Recitam juras de um amor inacabável
Acredito até inabalável
Imagino que insaciável
Talvez insuperável

A fada, longe do anjo
Espera
Fica a sonhar em seu castelo
E põe-se a poetar
O anjo, longe da fada
Tão doce
Suspira a cada encontro
E desenha poesias para se consolar

Uma entidade fantástica
E um ser espiritual
Traduzindo em versos
A alma e o coração


(ana maria de abreu siqueira)

Ramon e Thalita,
Desculpem-me a invasão de suas vidas!
E obrigada pelas leituras poéticas que me oferecem!
Imagem: http://condizer.blogspot.com/



Encanto...


Já o tinha visto passando
E comigo nem se importando
Então fui planejando
Um jeito de lhe jogar um encanto

Enquanto ele dormia
Um feitiço lancei
“Quando o moço acordar
Os meus olhos vai notar”
Quando ele despertou um sorriso já me lançou
Fiquei a pensar
Será que foi meu encanto que pegou?


(ana maria de abreu siqueira)

18 de dezembro de 2006

Varinha...

Uma varinha mágica ...
Assim poderás trazer para junto de ti
...teus desejos
Colar em teu corpo quem está

...muito longe
Realizar sonhos ainda
...tão distantes

(ana maria de abreu siqueira)

10 de dezembro de 2006

Brincadeira...

(Pintura: Kinderreigen, óleo sobre tela - 1872)

Pega, pega
eu te agarro
Pique esconde
em meu corpo
Tuas mãos,
bambolê em minha cintura
Cantigas de roda
sussurradas ao meu ouvido
embalando sonhos
Quem chegar primeiro
realiza um desejo
Quem chegar por último
a prenda é um beijo
Minha mãe mandou
eu escolher este daqui
mas como eu sou teimosa...
Pêra? Uva? Maçã? Ou salada mista?
SALADA MISTA
Brincar der sério?
Já perdi
contigo só sei sorrir

9 de dezembro de 2006

Independente de qualquer coisa...

(escrita há muito tempo)

Há muito tempo conheci um cara que não era só um “um cara”. Foi bem especial encontrá-lo.

Primeiro encontro: um olhar.

Segundo encontro: um sorriso, uma boa conversa, mais sorrisos, vários olhares.

Terceiro encontro: um beijo, o beijo, que beijo.

Quarto encontro: um beijo bem demorado, acompanhado de beijos acalorados.

Quinto encontro: não existiu. Ainda é uma reticência ou uma interrogação, mas creio que tenha sido um ponto final. Depois de escutar: “Independente de qualquer coisa, você é especial.” Ri comigo e depois ri alto. Ele perguntou-me qual a graça, desconversei, mas rio comigo até hoje.

Cá para nós, que ele não tome conhecimento, mas “independente de qualquer coisa” parece prêmio de consolação (continuo rindo). Talvez não tenha sido essa a intenção, mas palavras têm poderes que a própria razão desconhece. Ao proferir tal afirmação, o cara, que não era só “um cara”, tornou apenas “um cara”. Mas em questão de segundos, tudo voltou ao normal, quando meu lado de mulher segura falou mais alto.

Achei a história engraçada porque a mulher sensível que há em mim quase me consumiu, o que teria me deixado aborrecida e triste com o tom jocoso do cara. Diverti-me, por ser madura o suficiente para saber que as pessoas podem sim ser especiais “independente de qualquer coisa”.
Se foi ou não um prêmio de consolação, nunca descobri e, “independente de qualquer coisa”, ele realmente foi especial para mim, sem sarcasmo, apesar do tom jocoso da mulher que aqui escreve.

Pelo menos foi intenso até o quarto encontro (isso sim é consolo) e redeu-me boas poesias. Quem sabe um dia não reencontro “o cara” e descubro se foi mesmo um ponto final, ou apenas reticências e tudo não vire um ponto de exclamação.

Vaga-lume

Tens medo do escuro?
Por que, então, não carregas
contigo vaga-lumes?

Podemos caçá-los ao anoitecer
e guardá-los em teus bolsos.

Poderás caminhar no breu,
precisarás apenas soltá-los
e sair a vagar
com teus vaga-lumes.
Iluminando teu céu
feito fogos de artifício.
E vagar...

...vaga-lume.
Procura-se um anônimo...
(que sabe escrever)
(foto: Kat Callard)

“Lembro destes trechos
Dos traços nestes versos escritos
Até parece nostálgico
Saudoso
Não sei...”

15 de novembro de 2006

Um presente


Para minha amiga clécia

Pensei em dar-te um presente
Um flor lilás
Um barco no cais
Um pôr-do-sol
O canto do rouxinol
A eterna amizade
Um sorriso de verdade
Pensei em dar-te a mão
E o mundo sem solidão
Todas estrelas
E um botão para acendê-las
E para alegrar teu dia
Fiz nascer uma poesia
Com versos rimados
Para ti encomendados
...E por Deus abençoados


(ana maria de abreu siqueira)

Imagem: Reflexos, de Fernado Soares.

12 de novembro de 2006

Todas as palavras que não pude dizer...



As palavras que guardei para você
Nasceram em uma penumbra inventada
Só seus olhos iluminavam
Somente...

As minhas mãos não puderam escrever
Suas mãos me impediram
Passeavam afoitas ao meu redor

A minha boca não pode falar
Sua boca calou-me
E calou-me
E colou-me

As palavras
Nem em poesia pude transformar
Não me restou um resto de raciocínio

Palavras que não pude dizer
Agora as perdi

...
...

(ana maria de abreu siqueira)


Imagem de Rui Bento Alves: O Violoncelo

9 de novembro de 2006

O que faltava


(imagem: "Um pedaço de um grande presente" - ana maria)
A minha parte que faltava
Eu procurei
Eu esperei
Eu não desisti
Eu vi você
Eu acreditei
Eu me entreguei

A minha parte que faltava
Eu encontrei
Me apaixonei
Eu e você
Eu não duvidei

Agora sei
Só você caberia
Nessa minha parte
Que faltava
(ana maria de abreu siqueira)

Entrega

Não quero parecer ousada
Mas não posso ignorar meus sentidos
Tua voluptuosidade me deixa perdida
Tu me afagas com os olhos
Eu me entrego aos teus galanteios
E recolho-me em teus braços

Gosto de sentir o teu cheiro
Respirar o ar que tu respiras
Falar com minha boca na tua
Quando estou contigo
Sinto meu corpo estremecer
Minha inocência teme a indecência
Difícil fugir desse ímpeto

Quando tu olhas nos meus olhos
Meus pensamentos transviam-se
Sem que eu possa me controlar
Quando sinto teu toque
Esqueço meu lado pueril
Sinto um ardor que me contamina
Fecho os olhos para sentir teu calor
Cada detalhe do teu beijo
E os efeitos do teu corpo junto ao meu


(ana maria de abreu siqueira)

6 de novembro de 2006


Até em meus sonhos me persegues?
Já não te bastas minha voz e meu retrato?
As risadas e a poesia?
Já me levaste o juízo e a calma
Agora queres o meu pensar?
(ana maria de abreu siqueira)

5 de novembro de 2006

Me vens com poesias?

Tens uma poesia para mim?
De qual poeta a roubaste?
Quintana, Florbela, Neruda?
Mal me conheces
Sequer sabes meu sobrenome
Ainda assim sentiste minh’alma


De tão compenetrado
Parecia-me irreal qualquer interesse
Mas teus olhos atentos
Ganhou minha atenção
E agora me vens com poesias?
Como vou fugir de ti?


(ana maria de abreu siqueira)

Imagem de Antônio Amen

20 de outubro de 2006

Bobagem!


Você é um bobo!
Tão bobo que me
bobeia!
E, no meio de tanta bobagem,
falamos um monte de
besteiras.

8 de outubro de 2006

Me vês partir
E por trás do meu sorriso sem graça
Engulo a tristeza
Por ter que me despedir
Derramo uma lágrima saudosa
Tão teimosa...
Engulo o choro
Dou um abraço infinito
Tenho vontade de colar nosso beijo
A calma me falta
Meu coração parece esmagar
Posso dar "tchau", "até logo"
Mas é impossível despedir-me de vez

Sempre voltarei
Sempre esperarei
Meus caminhos levam-me a ti
E deixo-me ir e voltar
Quantas vezes preciso for
(ana maria de abreu siqueira)

3 de outubro de 2006

Nós dois...

Eu
Você
Os lençóis
Seus sorrisos
Meus sussurros
Meus sons
Nossos sonhos
Seus ruídos
Nosso silêncio
Meu frio
Meu calor
Seu calor
Nenhuma lágrima
Seus lábios
Eu e você
Minha piada
Sua risada
Só nós dois

Todo poeta fica vulnerável
Expõe-se
Corre o risco de ser questionado
Não sabe guardar seus segredos
Sou poeta
Minhas poesias
Tudo que há em mim
São o mundo que enxergo
Os toques que sinto
Os cheiros que em rodeiam
Os sonhos que almejo
São meus medos e pesadelos
Meus segredos
E estão à mercê dos meus inimigos
As palavras me roubam a privacidade
Minhas mãos entregam meus delitos
Minhas paixões
Minhas inseguranças
Meu passado
Meu presente

3 de setembro de 2006

Me tomou


Amarrotou meu vestido
Assanhou meus cabelos
Borrou minha maquiagem
Quis lutar
Não consegui
Quando me vi
Não estava mais nem aí

(ana maria de abreu siqueira)

Não quero perder você

Já perdi muito na vida
Um brinquedo que adorava
Minha coleção de figurinhas
Um ente querido
Uma festa badalada
Um pôr-do-sol
Um beijo
Uma aula importante
Uma corrida
Um amigo
Um sono tranqüilo
Um sonho infinito
Uma vez até perdi o juízo
Uma floresta com fadas
O último capítulo de um livro
Uma piada
Uma paixão
Um abraço apertado
Uma tarde de sol
Um cometa
Um milhão de estrelas
Perdi sim
Superei todas as vezes
Poderia suportar perder você
Saberia sobreviver sem sua presença
Mas eu não quero lhe perder
Já sou sua e não quero me acostumar sem você


(ana maria de abreu siqueira)

24 de julho de 2006

Não esqueça o que me prometeu!



Você vai vir?
Então não esquece de colocar na bagagem
os beijos que me prometeu
e o amor que disse que é meu
***
(ana maria de abreu siqueira)
Imagem de Robert Doisneau

16 de julho de 2006

...

(ana maria de abreu siqueira)

13 de julho de 2006

Cilada

Foto de Rui Bonito

Olhar em seus olhos pode ser uma cilada para eu me apaixonar infinitamente.

28 de junho de 2006


Se baterem à porta
Não abra
Para não fugirem os sonhos
Quero agarrar cada segundo
Não desperdiçar um só olhar

Se insistirem
Finja que não escutou
Para não escaparem os suspiros
Não quero perder sua respiração
Quero absorver seu cheiro
Quem sabe me perder
Quem sabe me encontrar

(ana maria de abreu siqueira)

20 de junho de 2006

Mesmo sem inspiração
O Poeta deve confiar na Poesia
Ela fica guardada
Esperando uma apologia poética
E a Poesia
Agradece com sorrisos exaltados
Sempre que é escrita
Obrigada Poeta!
(ana maria de abreu siqueira)

Distração

Distraída
Esbarrei em seu olhar
Sem querer
Tropecei em meus pensamentos
Escorreguei em seu sorriso
Deixei cair o meu juízo
De repente não soube disfarçar
Desajeitada
Não consegui consertar
Desastrada
Derrubei todas as razões
Encurralada
Não pude voltar atrás
Desconcertada
Senti suas mãos em minha nuca
Encabulada
Apenas fechei os olhos

Foi pura distração

(ana maria de abreu siqueira)

30 de maio de 2006



Amo tua boca!
Acho que amava mesmo quando não a sentia. Conheci outras bocas, mas nem lembro o gosto dos outros beijos!
Amo teu estalo na minha bochecha, que avermelha ao sentir calor da tua boca.
Amo tua língua passeando pelos meus lábios.
Amo teus lábios em minha nuca, em meus braços, em meu umbigo.
Amo tua boca correndo nos pedaços meus.
Amo quando me devora. E quando deixa escapar um sorriso no meio de um beijo.
* * *
(ana maria de abreu siqueira)

15 de maio de 2006

Minha mãe

Já tinha publicado no meu antigo blog, mas em homenagem ao dia das mães, vou republicar! É uma poesia simples, escrevi como criança mesmo, pois é assim que me sinto ao lado dessa mulher maravilhosa.

Esta poesia é para ofertar
A quem não pode me ver chorar
Que vem correndo me embalar
Como se fosse me ninar

Ela me ensinou a falar
Segurou-me quando aprendia a andar
Ensinou-me a sonhar
E nunca desistir de lutar

Com ela posso contar
Estando eu em qualquer lugar
Se me perder, ela vai me encontrar
Se eu cair, ela vai me levantar

Passe o tempo que passar
Tudo que conquistar
É dela que primeiro vou lembrar
Pois em meus sonhos me fez acreditar

E se um dia eu tropeçar
É nela que vou pensar
Mulher que sabe lutar
Minha mãe, pra sempre vou amar

2 de maio de 2006

- Eu me senti renovado depois desta virose!
- Nossa! Porque não me passou esse vírus? Estou precisando dele!
- Olha, foi ruim, fiquei 3 noites sem dormir, dores fortes de cabeça! Você não pode estar falando sério! Ficar doente assim!
- Ah! Estou sim, pode apostar! Quero ficar renovada também, e não tenho conseguido! Talvez com o seu vírus...

Na verdade ele me enrolou e não me deu o vírus! Acho que ele quer que eu encontre o meu próprio vírus da renovação! Fiquei meio aborrecida por ter me negado o que pedi, mas depois parei para pensar e percebi que ele me deu outro presente, bem diferente (e melhor). Ele me ajudou a perceber que tudo pode estar ruim, mas só assim se chega à renovação! Eu tenho um vírus, não o mesmo que ele teve, mas dói também, até passo algumas noites sem dormir, mas assim que eu começar a tomar os medicamentos certos, a renovação virá!

1 de maio de 2006


Estava pensando na tua boca!


Tua boca que me ofertas palavras apaixonadas, promessas de união, desejos sussurrados, risadas embriagadas. Essa tua boca que conhece meu território, pois, por diversas vezes, passeou em mim. Tua boca que se apodera da minha língua como se fosse um bem estimado. E tua língua invade minha boca como se fosse tua casa. Tua boca, mesmo silenciosa, diz que desejas a minha, avivando meus anseios, me fazendo desejar veementemente beijar-te. Quero tua boca na minha boca, em meus olhos, em minha nuca, em meu ventre...
Ah!Se tua boca permanecesse em mim!
(ana maria de abreu siqueira)
(Foto de Ricardo Tavares)
Quem lia meu antigo blog vai reconhecer!

29 de abril de 2006

Sob o Sol da Toscana


"Se você encontra algo bom deve
ater-ser a ele até a hora de soltar!"
(Do filme Sob o Sol de Toscana, baseado no livro de Frances Mayes, com o mesmo título)
Agarro-me em você
Prendo meus pensamentos em seu sorriso
Enlaço meus braços em teus ombros
Seguro sua mão
E deixo-o me segurar onde quiser
Como quiser
Quando quiser
Colo nossos umbigos
Deixo me escorregar do seu jeito
Caso minha boca com a sua
Só solto quando você ordenar
E enquanto isso
Estou pronta para seu desejar
(ana maria de abreu siqueira)

28 de abril de 2006

Tua Companhia!


Meu amor, tão longa espera,
anseio tua companhia
e tudo que vem com ela!
...
Quando findará esta distância?
Desejo tua presença todos os dias
durante toda a minha vida.
Quero que minha vida
não seja só vida minha,
que seja vida tua, nossa vida!
...
Cansei de ser só eu,
quero te ser, ser nós dois
e um dia ser nós três!
(ana maria de abreu siqueira)

24 de abril de 2006

Teus ombros sustentam meus abraços
Teus dedos desatam meus laços
Teu sorriso me tira o cansaço
Tu preenches meus espaços
Sou tua sem qualquer embaraço
Descubro os teus traços

E só penso estar em teus braços
(ana maria de abreu siqueira)

22 de abril de 2006

Olhos de Microscópio

Tão simples
E tão maravilhoso
Deixe sempre seus olhos abertos
Enxergue pequenas atitudes positivas
Gestos singelos
Sinais espontâneos
Impulsos naturais
Tenha olhos de microscópio
Veja a essência
Alcance o invisível a olho nu

11 de abril de 2006

Meus olhos...

Sou meus olhos
Eles refletem quem sou e quem estou
Por vezes minhas atitudes são alheias aos meus pensamentos
E meus olhos, não contradizem as minhas convicções
Sei perfeitamente dizer não quando meu querer é sim
E vice-versa
Minha boca até aprendeu a enganar quando necessário
E meus olhos, estes não acompanharam a lição
São péssimos mentirosos
Se minha boca tiver que mentir
Meus olhos precisam esconder-se
E com meus olhos escondidos...
Quem vai acreditar em mim?
(Ana Maria de Abreu)

5 de abril de 2006

Em meu corpo tatuarei lembranças
Minha vida eternizada
Em minha pele tão surrada

No peito tatuarei os amigos
Antigos amigos e novos amigos
Sinceros amigos
Nas costas, os meus erros
Para sentir seus pesares
E não mais cometê-los
Os beijos esperados, roubados, apaixonados
Em meus lábios vão ficar
Em minhas pernas, as minhas andanças
Em meu pés, todas as danças
Em minhas coxas ficarão minhas paixões
Em meus ouvidos, as canções
Em meus braços, sabedoria
Em meus dedos, minhas prosas e poesias
Minha família tatuarei em meu sangue
E em meu ventre
Meu grande amor eternizarei
E todos os filhos que terei


(Ana Maria de Abreu)

Onde estou?

Acho que me perdi
As fachadas estão diferentes
Ou então vim parar em uma rua desconhecida
Confundo os meus passos
O chão onde piso não é mais igual
Poso voltar mil passos
Ainda assim desconheço o terreno
O céu é o mesmo
Afinal, estamos sob o mesmo teto divino
Em qual estrada me perdi?
Como não pude perceber antes?
No início é tudo tão parecido
Perdi-me em algum sorriso?
Confundi-me em qualquer olhar?
Desviei minha atenção
E quando dei conta
Passei despercebida da entrada certa
Tanto ficou para trás
E agora não sei como voltar

(Ana Maria de Abreu)

2 de abril de 2006

Menina Linda! O nome dela é Poesia!

Conheci uma menina
Que sorriu meio sem graça
E disse-me com uma voz tímida:
“Oi! Meu nome é Poesia!”
Queria brincar,
Olhou em meus olhos,
Segurou a minha mão, e disse: “Vem, eu vou ensinar!”
E entregou-me todas as letras do alfabeto!
“Vai, escreve!”
Eu, meio desajeitada,
Escrevi assim:

Linda poesia

Ela sorriu espontaneamente
E achei até que tinha crescido um pouco mais
E, com uma voz mais alegre:
“Eu quero mais!”

Doce poesia
Reflete meu coração
Alegra-me com seu sorriso
Faz brotar minhas emoções

E foi assim que a Poesia
Minha pequena Poesia
Deixou de ser menina
E virou mulher
Com lindas curvas
Cheia de lembranças e sonhos
Viveu meus amores
Sentiu os meus medos
E desfaleceu suavemente
Feliz por ter vivido
E se eternizado nessas palavras


(Ana Maria de Abreu)


(Foto de Miguel Lopes)

Eu amoooooo Mário Quintana!

"Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz."
(Mário Quintana)
Eu me sinto assim, sempre insatisfeita!Sou feliz com o que tenho, claro! Mas sempre quero algo mais, o conformismo passa é longe de mim, até quando digo: "Tenho que me conformar!"
Ser poeta é isso, estar amoldando-se sempre aos seus sonhos, mesmo que sejam nada verosímeis. Poeta não quer saber se um desejo é plausível ou não. Poeta é um insaciado...
(E, como já disse, um louco!)

Quer sonhar?

Se quer sonhar
Sonhe alto
Lá em cima
Bem alto
Tão alto
Onde os olhos não vêem
Nem os pessimistas
Sonhe tão alto
Até dizerem
- Você é louco!
E você pense:
- Será que sou louco mesmo?
Não tenha medo
Sonhe
Deseje
Sonhe
Lute
Para subir
Subir
E subir
...
Eleve-se
Até onde os outros digam
- Nossa ele foi alto mesmo!
(Ana Maria de Abreu)

1 de abril de 2006

Morro de tédio quando não tenho em quem descarregar todos os carinhos que conservo em mim. Ai, meu Deus! A vontade que tenho é de sair osculando por aí! Mover meu corpo em outro corpo até faiscar. Roçar meu umbigo, até sair dos eixos. Fico enfadada se não me desorientar em olhares.
(ana maria de abreu)
(Imagem do filme Cidade do Anjos)

31 de março de 2006

Meu corpo perto do seu

Quero entender
O que acontece comigo
Quando o sinto tão perto
Minha barriga esquenta
Como se tomasse uma bebida quente
Meu peito sobe e desce
Num ritmo ambíguo
Discreto e voraz
Minha voz quase não sai
Sussurro qualquer coisa
Você finge não entender
E eu não me preocupo em explicar
Com seu rosto cada vez mais próximo
Meus olhos insistem em fechar
Mesmo querendo olhar nos seus
Meus ouvidos só escutam sua respiração
Meus braços não me obedecem
Faço movimentos para afastar seu corpo
E eles só querem abraçá-lo
Meu corpo, então já amolecido
Encosta-se ao seu
Que junto do meu
Ensaia uma dança
Com movimentos suaves
Meus lábios
Sendo instrumentos do meu corpo
E dos meus desejos
Tocam os lábios seus
Aumentam o desejo
Insistente desejo
Do beijo
Esperado beijo
Saudoso beijo
Incontido desejo


(ana maria de abreu)

Sonhei com você


Sonhei com você
Junto a mim e em mim
Sonhei com você
Seus olhos nos meus
Sonhei com você
Um cheiro envolvente
Sonhei com você
Meu corpo querendo senti-lo
Sonhei com você
Minha pele, sua pele
Sonhei com você
Meu calor, seu calor
Sonhei com você
Coração acelerado
Sonhei com você
Minha boca, sua boca
Sonhei com você
Minha língua, sua língua
Sonhei com você
Acordei sem você
Sonhei com você
Mil lágrimas
Sonhei com você
Meu carente coração
Sonhei com você
Só sonhei
(ana maria de abreu)

25 de março de 2006

A Poesia e o Poeta


(foto de Carla Maio - foi assim... - site: www.1000imagens.com)
Hoje não quero ser poeta
Quero ser poesia
Leve poesia
Leve-me poeta

Ansioso poeta
Sou sua poesia
Vaidosa poesia
Escreve-me poeta

Aspira, poeta
A provocativa poesia
Inspira, poesia
O inquieto poeta

Vê, poeta!
Sua suntuosa poesia
Insaciável poesia
Ainda quer mais do poeta
(ana maria de abreu)

Eu sinto você

Eu sinto você
Onde quer que esteja

Não esqueço da sua boca
Nem dela na minha
Nem dela em mim

Não esqueço das suas mãos
Nem do seu toque
Nem de como corpo meu agradece ao senti-las

Não esqueço do seu corpo
Nem do seu cheiro
Nem do seu pesar

Não esqueço da sua voz
Nem dos seus sussurros
Nem do seu silêncio

Não esqueço do franzir da sua testa
Nem das suas reclamações

Nem do som da sua risada

Não lembro quando comecei
A não esquecer você
Só lembro que não o esqueço um segundo

(ana maria de abreu)

Mais uma vez escrevo: "Amo-te"

(foto de anderson fetter, tirada do site: http://www.1000imagens.com/ . Visitem, recomendo.)

Um dia quiseram que eu acreditasse que amor não é sentimento, e sim decisão. Minh’alma de poeta, sonhadora e extremista, não aceitou tal afirmação. Recusei-me a acreditar que amar é mover-se pela razão para decidir.
Hoje aprendi que amar é usar todas as razões e, ao mesmo tempo, esquecer qualquer razão. Amar é sim sentir, mas é também decidir. Amo-te porque sinto e decido todos os dias. Amo-te com todos os sentimentos espontâneos que existem em mim e com toda a razão construída em meu ser.

Amo-te por me ensinar a te aceitar com todos os defeitos que enxergo em teu jeito. Amo-te por não ser perfeito e achar-te tão perfeito para mim.

Amo-te pelas vezes que me despontaste e me fez te perdoar sem deixar mágoas, por sempre tentar não cometer os mesmos erros.

Amo-te pelas lágrimas dolorosas que me fizeram amadurecer. Amo-te pelas lágrimas de felicidade e pelas de saudade.

Amo-te por tua ausência e mais ainda por tua presença.

Amo-te por me fazer esperar-te, por fazer esta espera valer a pena e por recompensar cada segundo de distância.

Amo-te pelos beijos, beijos, beijos... e pelos quase beijos, que me alimentaram tantos desejos.

Amo-te por me fazer esquecer o mundo quando segura meu corpo, como me sinto segura em tuas mãos e por todas as danças da minha pele na tua.

Amo-te por teu cheiro me fazer suspiros e por teus sorrisos me roubar incansáveis sorrisos.

Amo-te por carregar contigo pessoas que me querem bem e por querer bem as que carrego comigo.

Amo-te por motivo algum e por todos os motivos.

Amo-te e reticências...
(ana maria de abreu, para marcelo)

Soneto das tuas vindas

Se escuto o som dos teus passos
meu coração responde afobado
minha mente desenha teus traços
logo estarás ao meu lado

Espero chegarem teus braços
e tenho tanto desejado
que percorram meus pedaços
se pudesse, deixá-los-ia em mim plantados

Se no ar sinto teu cheiro
vou roubá-lo para meu travesseiro
e toda noite atiçar meus desejos

Se, enfim, sinto teu pesar
só lembro de sentir, esqueço de pensar
em meu corpo só quero os teus beijos
(ana maria de abreu)

13 de março de 2006

Uma poesia nasceu após a outra, que mal há colocá-las juntas? Duas inspirações distintas, não há como confundí-las.

um poeta que despoetou
deixando-me sem suas palavras
por que não ofertar-lhe uma poesia?
sem desejos pretensiosos
sem segundas intenções
são apenas palavras de afeto
a um amigo que está dando uma pausa poética

o outro não é poeta
nem de poesias é leitor
mas é meu amor
as poesias que este me inspira são inconfundíveis
para ele escrevo meus desejos, meus anseios, meus sonhos
poesias cheias de pretensões
e até de terceiras intenções
há palavras de afeto e muito mais

Dá para distinguir...

8 de março de 2006

Amo-te


Simplesmente amo-te
Infinitamente
Nunca pára
Amo-te constantemente
E a cada dia
Amo-te profundamente
E se cabe um pouco mais
(sempre cabe)
Amo-te insaciavelmente
E tão longe
Espero-te incansavelmente
Já sou tua
Tua somente
Amo-te desejosamente
E se és meu
Amo-te eternamente
Amo-te simplesmente
(ana maria de abreu)

Despoetou

E o poeta despoetou
Não quer mais desenhar poesias
Escolheu não mais tentar encontrar
Palavras que rimem com desejar
Os versos que guardava no bolso
Alguns ainda não terminados
Foram jogados ao vento
Não quer guardar intenções poéticas
Tem certo medo de magoar alguém
E um enorme pavor de se magoar
Sabe que mágoas são inevitáveis
Mesmo assim despoetou
Cansou de brincar
E as curvas suntuosas da poesia
Tornaram-se uma linha tênue
Mas não existe ex-poeta
É agora um abafado poeta
Em seus pensamentos ainda vagam encontros silábicos
Transformando-se em palavras
Em orações
Em versos
Em poesias
Eu sei que seu coração está a poetar, é inevitável
(ana maria de abreu)

5 de março de 2006

Invasão

Seu jeito de me invadir
Faz-me perder os sentidos
Toma-me como se fosse sua propriedade
Mal me deixa respirar quando me segura
Uma asma me toma
Fico arquejando
Querendo respirar seu cheiro
Meu corpo trôpego pede mais
Não cansa
Só ama
Seu olhar fuzila meu ventre
Que estremece sem controle
Suas mãos apertam minhas pernas
E eu me assusto de tanto desejo
Sem forças, já sou sua
Nessa invasão aos meus territórios
Eu já me rendi
Você se apossou de mim
Aquele poeta é pretensioso
Teima em teimar com a minha teimosia
E eu teimo em dizer que não teimosa
Quando vamos aprender?


O poeta pensa que só ele escreve poesia
Mas a poesia também sabe escrever o poeta

4 de março de 2006


eu acho mais divertido ser maluca
gosto mais de sorrir espontaneamente
de imaginar coisas que não existem
feito criança quando brinca sozinha
inventar falas,amigos,lugares...

(ana maria de abreu)





(A imagem: Foto de uma criança imitando : "O grito de Edvard Munch".)

Carrego você


Carrego você
O levo em meus pensamentos
Onde quer que eu vá
Levo seus beijos em meus lábios
Nossa dança em minhas pernas
Suas mãos em minha pele
Que também carrega o seu calor
O seu suor e seu perfume
Carrego seu gosto
E se o perco eu morro
(ana maria de abreu)

Essa boca...

Que boca é essa?
Que deixar sair palavras
Puras, sinceras
Que fazem sentir-me mais perto do céu

Que boca é essa?
Que dela brota um sorriso
Espontâneo, ingênuo
E me faz sorrir junto

Que boca é essa?
Que sabe ser séria
Aconselha, desabafa
Inspira confiança

Que boca é essa?
Que conserva o silencio
Para não perder sua individualidade
Respeitando a minha

Que boca é essa?
Que se aproximou da minha
Provocando
Deixando-me desnorteada

Que boca é essa?
Tão doce, macia
Que me beijou
Deixando seu gosto em mim

Que boca é essa?
Que já sinto quase minha
E a minha já dela

Eu

Uma tola apaixonada pela vida
Assim sou eu
Indecisa
Penso para agir
Impulsiva
Ajo sem pensar
Ansiosa
É duro esperar

Quanto tempo para amar?
Às vezes um olhar
Quer me conquistar?
Deixe-me livre para voar

Vivo pelo instante
O futuro?
Não sei, depende do presente
O passado?
Dos bons momentos lembro com saudades
Dos maus, aprendo uma lição

Sou uma criança
Corro na chuva
Rio do vento
Abro os braços para o sol
Sou uma mulher
Ousada
Não temo ser rejeitada
Segura

Conquisto e sou conquistada

1 de março de 2006

Sou insistente
Vou seguir em frente
Mesmo que me tirem o batente

Deslizes


Se deslizo meus pensamentos em ti
Logo deslizas até mim

Se deslizo meus olhos em teus olhos
Deslizas teus olhos em meu corpo

Se deslizo minhas mãos em teus braços
Deslizas teus abraços em minhas costas

Se deslizo minhas palavras ao teu ouvido
Deslizas teus lábios em minha nuca

Se deslizas teus dedos em meus pedaços
Deslizo meus sussurros pelo quarto

Se deslizas tua marca em meu todo
Deslizo meus desejos em teu corpo

24 de fevereiro de 2006

Por que escolhi neotenia...



Já tinha outro blog (ana_ceara.zip.net) e neste período conheci essa palavra e me identifiquei muito com ela!

O dicionário diz: "s. f., Biol., persistência temporária ou permanente de características larvares num organismo, como consequência de um atraso no seu desenvolvimento morfológico."

Segundo Marcos Nogueira: "Neotenia: Manutenção de características infantis na idade adulta."

Eu digo: "Neotenia: Sou eu!"

Será que vou crescer um dia? Espero que não! É tão bom ser criança de vez em quando! Por que então não tentar ser todo dia? Pelo menos um tiquinho! Creio que sou "neotênica"!


(Foto de Carla de Almeida Lopes)