28 de agosto de 2008

Insistência

Me vens com promessas
Perguntas indiretas
Propostas indiscretas
Ainda queres que eu “caia nessa”?

Falas de música e poesia
Me vens com brincadeiras
Um mistura de inocência e heresia
E eu rio das tuas besteiras

Não adianta virdes com flores
Só queres perfumar meus sabores
Mas o que me pedes é um absurdo
Eu digo não e te fazes de surdo

Teu desejo é inconseqüente
Se insistires eu me aborreço
E se vens como um tolo veemente
O que faço? Eu amoleço

Liberdade! Liberdade!


Calar?
Jamais
Vou gritar
Não vou escrever palavras já grafadas
Em caderno de caligrafia
Com linhas tracejadas
Vou deixar meus cabelos crescerem
Minha barba por fazer
Vou pintar os muros
Riscar independência com tinta vermelha
Seguir com pés descalços
Roçando os dedos calejados no verde da grama
Escutar o som do meu caminhar
Passo a passo, como uma melodia loquaz
Deixar o sol laranja arder em meu rosto
Meus cartazes falarão de pássaros
Pássaros que voam absolvidos
Quero voar
Liberdade! Liberdade!
Quero pensar alto
Sonhar acordado
Cantar todas as canções proibidas
Desatar nós das mãos dos meus companheiros
Caros companheiros
Vou desenhar meu próprio rastro
Sem pisar em pegadas marcadas
Quero ser poeta, cantor, pintor, filósofo
Ou rebelde como gostam de chamar
Quero ser eu
Com todos os meus anseios e segredos
Eloqüência e impetuosidade
Paixões e desamores
Não vou me esconder
Não vou fugir
Vou lutar
Liberdade! Liberdade!
ana maria de abreu siqueira