29 de dezembro de 2008

Meu enlaço


Teus ombros sustentam meus abraços
Teus dedos desatam meus laços
Teu sorriso me tira o cansaço
Tu preenches meus espaços
Sou tua sem qualquer embaraço
Descubro os teus traços
E só penso estar em teus braços


***


(ana maria de abreu siqueira)

Eu e os versos



Escrevo eu
Meus anseios
Meus desejos
Sou minhas palavras
E minhas palavras sou eu
Às vezes nem sei quem é quem
Penso que sou os versos
E que eles me escrevem
___
(ana maria de abreu siqueira)
imagem: © Atlantide Phototravel/Corbis
disponível em: www.corbis.com.br

23 de dezembro de 2008

Minha janela

Comprei uma janela, de madeira puída
Cheia de veios e cor amarela encardida
Velha e pequena
Mas cabia em meu quarto
Exatamente do tamanho do buraco da parede
Encaixei-a e fiquei a fita-la
Achei-a bonita
Talvez fizesse um remendo aqui
Outro aqui
Quem sabe um acolá
Coloquei uma cortina de renda branca
Um jarro com flores amarelas
E um sino dos ventos colorido
Nada mal
Perfeita para debruçar-me
O Sol não resistiu, apaixonou-se
Mandou raios calorosos para presenteá-la
Meu encheu-se de tons alaranjados
O vento, não querendo ficar para trás
Entrou em minha janela
E a saudou dançando com as cortinas
A Lua, enciumada, quis participar da festa
Tratou logo de inventar arte com o Sol
E um show multicor surgiu no céu
E foi assim que nasceu uma janela
...
...minha janela

19 de dezembro de 2008

E a despedida...

- Tenho que ir.
- Ahhhh...
(silêncio)
(pensamentos)
(arfar de peito)
- Então, boa noite!
- Boa lua!
- Boa rua!
- Boa música!
- Boa boemia!
- Bom caminhar!
- Bom esperar!
- Bom sonhar!
- Bom desassossego!
- Bom aconchego!
- Bons desejos!
- Bom recordar!
- Bom me escrever!
- Bom não me esquecer!
- Bom me procurar!

- Eu vou voltar!


(ana maria de abreu siqueira)

28 de novembro de 2008

Como as músicas de Chico

de leve
invade meus ouvidos
manso, devagar,
com notas perfeitas
que se enlaçam feito amantes
letras desenhadas
feito tatuagem
melodia emoldurada
a divagar
como as músicas de Chico
assim...
bossa,
minha nossa...

(ana maria de abreu siqueira)

Ainda sonolenta abri a porta do quarto e fiquei esperando algumas palavras, mas em silêncio entrou no quarto e ficou me olhando, como se esperasse algum movimento meu. Estava cansada demais para discutir qualquer assunto, só queria dormir e sonhar e acordar bem no outro dia.

Deitei de novo, mas não me deixou dormir, ficou ali imóvel a esperar, me incomodando de um jeito que precisei ser ríspida. 'Puxa! Preciso dormir, estou cansada. Não podemos deixar para amanhã?' Mas nada disse, ficou me olhando com um olhar calmo. Percebi então que estava disposta a ficar ali a noite inteira esperando.

Rendi-me, levantei, lavei o rosto, fiz um café e sentei com lápis e papel na mão. Olhei para ela e perguntei o qual era seu desejo. Foi quando percebi que os objetos no meu quarto voavam sutilmente, na folha branca as palavras dançavam, dando as mãos, cantando versos. Pude dormir quando a lua estava indo embora. Antes mesmo de fechar os olhos pude ver a inspiração fechar a porta do quarto cuidadosamente.
(ana maria de abreu siqueira)

29 de outubro de 2008

meu passarinho


Meu passarinho
De tão pequeno, se faz pouquinho
E voa baixinho, devagarzinho
Canta doce, bem levinho
Mas tão longe fica seu ninho
Vou arrumar as malas e pegar o caminho
Seguir até seu cantinho
Só para sentir seu carinho



ana maria de abreu siqueira



(à minha doce e linda Vovó Ana...saudades....)
Foto: Mauriti (CE) - Semana Santa / abril de 2009

13 de outubro de 2008

O que é poesia?



Poesia é quando as palavras se encontram para namorar...
(ana maria de abreu siqueira)

Choro

Esse choro preso em mim...
É somente uma gravata bem apertada em minha garganta
(ana maria de abreu siqueira)

9 de setembro de 2008

Comer gargalhadas


Furtos (e surtos) na madrugada...


- estou com vontade de comer algo que me faça feliz!
- porque, então, você não come gargalhadas?




(ana maria de abreu siqueira e ana carla de abreu siqueira)

8 de setembro de 2008

Meu par

Sabe aquele par de sandálias que mora no outro lado da cidade?
Deveria vir morar morar ao lado meu
(ana maria de abreu siqueira)

Asas nos meus pés

* * *
Ah, se meus pés tivessem asas
Desataria os nós dos meus sapatos
Faria das nuvens minha grama
Riscaria todo o céu
Rodopiando com lápis multicor
* * *
(ana maria de abreu siqueira)

7 de setembro de 2008

Cá com meus botões


A pedidos, poesia a qual ganhei um dos prêmios do X Prêmio Ideal Clube de Literatura (Poesias) / 2007:

Cá com meus botões


Não me conformo com a mesmice
O marasmo me sufoca
Transbordo pensamentos inusitados
Nunca soube estagná-los
Para não cair em descontentamento
Converso cá com meus botões
Completamente excessiva e insana
Alinho palavras
Em versos desalinhados
Arrematando anseios
Graças Deus sou poeta
Insistente
Sobressalente
Veemente
Florescente
Acredito no improvável
Não enxergo o absurdo
Tenho até bom senso
Mas o escondo de vez em quando
Não quero danificar minha loucura
Nem apagar minhas alucinações
A poesia está sacramentada em mim
Sou diferente de todos
Como todos os poetas


(ana maria de abreu siqueira)

Coisas sobre mim...


Nasci em 1978 (sim, sim tenho 30 anos)! Salvei a vida da minha segunda irmã quando ela era bebê. Sempre chupei dedo, hoje parei, mas de vez em quando eu testo para ver se ainda é bom (não tem mais o mesmo gosto). Tenho três irmãs que foram minhas cúmplices nas maiores traquinagens da minha vida, a gente se ama mesmo quando diz que não (coisas de irmãs)! Nunca tive vocação para a música, aos 7 anos minha mãe comprou um violão, mas me apaixonei pelo professor, nunca aprendi uma nota. Gostava de andar com os pés no chão, mas me disseram que eu ia ficar com o pé grande e eu tinha medo. Adorava ir ao cinema com meu pai e andava de mãos dadas com ele toda orgulhosa. Sempre achei minha mãe a mulher mais linda do mundo e fazia um monte de cartinhas com versos para presenteá-la. Colecionei papel de carta. Minhas melhores férias foram na cidade dos meus avós paternos. Surfava de prancha de isopor me sentindo a surfista profissional.


Tinha medo do primeiro beijo. Na adolescência fazia agenda e colava um monte de recortes de revistas para enfeitar. Beijei pela primeira vez aos 14 anos só porque minhas amigas ficaram dizendo que eu já estava velha para isso (que absurdo), não gostei daquele negócio melado, nunca mais beijei o menino de novo e decidi que só ia beijar quando tivesse vontade (demorou tempos para vontade voltar). Hoje eu adoro beijar. Amo poesias, escrever sempre foi um refúgio para eu me sentir melhor. No colégio não era a mais popular, mas conversava com todo mundo. Já me apaixonei por um professor, por um primo, por um melhor amigo, por menino que minha amiga gostava e por um menino que nunca troquei uma palavra.


Sempre quis casar e ter filhos. Já fui pedida em casamento por 3 pessoas diferentes. Já tive uma paixão avassaladora, já beijei um cara que tinha namorada, já fui traída, já beijei meu melhor amigo, nunca beijei um cara assim que conheci. Sempre fui à festa só para dançar. Já tive grandes amores, mas o verdadeiro só conheci aos 26 anos e desde nosso primeiro beijo senti que queria ficar com ele para sempre (vou ficar com ele para sempre). O nome dele é Marcelo, ele é meu companheiro, amante e melhor amigo.


Não posso comer leite e derivados, pois sou intolerante à lactose, mas de vez em quando como porque sou teimosa. O resultado não é algo muito interessante para contar. Não sou muito cuidadosa com minhas unhas, não tenho paciência para ficar indo ao salão.


Amo ler, escrever, artesanato, comer, dançar, dormir, namorar, praia, jujuba, grama, vinho, queijo, fotografia, cozinha, fofoca com as amigas, lua cheia, sol, água, dormir de rede, varanda, brisa, água de coco, edredom, bolsas, aprender e ensinar, falar em público, ser útil, criar.

(ana maria de abreu siqueira)

Foto: Universidade Federal do Ceará - Dept. de Tecnologia de Alimentos

Vai entender o amor!


Sou vascaína
Ele é flamenguista
Sou poetisa
Ele não lê poesias
Quero casar
Ele pensa em comprar uma bicicleta
Eu calço um salto alto
Ele uma sandália Havaiana
Busco uma rotina agitada
Ele uma vida pacata
Mas o amor tem dessas coisas
Quem vai entender?
(ana maria de abreu siqueira)
Imagem: Foto dos bonequinhos que ganhei do Marcelo (Revolução dos bonecos)

28 de agosto de 2008

Insistência

Me vens com promessas
Perguntas indiretas
Propostas indiscretas
Ainda queres que eu “caia nessa”?

Falas de música e poesia
Me vens com brincadeiras
Um mistura de inocência e heresia
E eu rio das tuas besteiras

Não adianta virdes com flores
Só queres perfumar meus sabores
Mas o que me pedes é um absurdo
Eu digo não e te fazes de surdo

Teu desejo é inconseqüente
Se insistires eu me aborreço
E se vens como um tolo veemente
O que faço? Eu amoleço

Liberdade! Liberdade!


Calar?
Jamais
Vou gritar
Não vou escrever palavras já grafadas
Em caderno de caligrafia
Com linhas tracejadas
Vou deixar meus cabelos crescerem
Minha barba por fazer
Vou pintar os muros
Riscar independência com tinta vermelha
Seguir com pés descalços
Roçando os dedos calejados no verde da grama
Escutar o som do meu caminhar
Passo a passo, como uma melodia loquaz
Deixar o sol laranja arder em meu rosto
Meus cartazes falarão de pássaros
Pássaros que voam absolvidos
Quero voar
Liberdade! Liberdade!
Quero pensar alto
Sonhar acordado
Cantar todas as canções proibidas
Desatar nós das mãos dos meus companheiros
Caros companheiros
Vou desenhar meu próprio rastro
Sem pisar em pegadas marcadas
Quero ser poeta, cantor, pintor, filósofo
Ou rebelde como gostam de chamar
Quero ser eu
Com todos os meus anseios e segredos
Eloqüência e impetuosidade
Paixões e desamores
Não vou me esconder
Não vou fugir
Vou lutar
Liberdade! Liberdade!
ana maria de abreu siqueira

9 de abril de 2008

Apesar dos meus defeitos


Sei que me entendes
E me amas mesmo com esse meu jeito
Inusitado, vaidoso, ansioso
Com todos meus defeitos
Apesar dos meus dengos,
E minhas vontades inusitadas
Sei que me desejas
Até quando faço bico
E quando respiro em teu ouvido
(ana maria de abreu siqueira)

às vezes sou eu



Sou apenas uma mulher
(Às vezes menina)
Que brinca com as palavras
E ri (e gargalha) do tom faceto de um homem
(Às vezes menino)


Sou apenas uma mulher
(Às vezes adolescente)
Com pretensões de poetisa
Que se inspira com os gracejos de um homem
(Às vezes adolescente)

Sou apenas uma mulher
(Realmente mulher)
Que estremece e suspira
Ao sentir o toque de um homem
(Realmente homem)

Sou apenas uma poetisa
(Sonhadora poetisa)
Invadida por cores, fantasias, anseios
Pelos desenhos de um homem
(De repente poeta)

ana maria de abreu siqueira
(às vezes menina, às vezes mulher, às vezes poetisa)

Imagem:
Dancer with a Basque Tambourine by Jules Cheret
Disponível em: © The Gallery Collection/Corbis (www.corbis.com.br)