25 de março de 2009

Mágoa

- Por que não cintilam mais teus olhos?
- São minhas mágoas, repliquei.
- E elas lhe doem tanto assim?
- Sim, e faço-me cárcere dessa dor sem fim.


Pudera eu libertar essa dor
Onde hei buscar consolo?
Se choro é porquê me dói
Ao lembrar-me daquela voz hesitante
Acompanhada confissões dolentes
Enquanto escutava buscava manter-me calma
Doía dentro, em mim
Meu peito se fez ferida
E teu olhar se fez medroso e afoito
Querendo roubar-me qualquer vestígio de esperança
Impossível desvencilhar desse amor
Pudera eu perdoar
Quisera eu esquecer


- Ainda me aborreço e, de tanta fadiga, mal posso dormir.
- Vou respeitar tuas lágrimas e lástimas.
- Receio perder a alegria, respondi hesitante.
Apenas encostou minha cabeça em seu peito e disse:
- Peço-te perdão. Não estou impassível e meu amor por ti é infindável.
Minha voz trêmula fez promessa:
- Prometo tentar, chorei em silêncio.
Pensei em dizer o quanto o amo, mas guardei em mim. Para quando eu acordar desse pesadelo.



(ana maria de abreu siqueira)