4 de maio de 2010

Ofício: palhaço!

Quando o pano fecha é que o palhaço pode chorar
É no camarim que ele pode ser de verdade
Quando em frente ao espelho
E a máscara cai borrada
Pelo suor e pelas lágrimas
Ali, os olhos negam-se a segurá-las
Mostra-se homem, com suas mágoas e fraquezas
As rugas agora mostram-se
E não são rugas de gargalhadas
São rugas de vida
Mostrando que o homem que faz rir sabe chorar
E quando o palhaço chora
O faz sozinho para não apagar o encanto
São duas vidas
A que doa alegria e a que não disfarça a dor
No camarim a vida é cheia de desencantos

E o show recomeça diariamente
No palco vê-se as cores, os sonhos
E naquele breve momento o palhaço se sente amado
Pelo brilho dos olhos das crianças
Pelo som das gargalhadas
Pelo cheiro de pipoca
Pelo gosto do algodão doce
(ana maria de abreu siqueira)