8 de março de 2006

Amo-te


Simplesmente amo-te
Infinitamente
Nunca pára
Amo-te constantemente
E a cada dia
Amo-te profundamente
E se cabe um pouco mais
(sempre cabe)
Amo-te insaciavelmente
E tão longe
Espero-te incansavelmente
Já sou tua
Tua somente
Amo-te desejosamente
E se és meu
Amo-te eternamente
Amo-te simplesmente
(ana maria de abreu)

Despoetou

E o poeta despoetou
Não quer mais desenhar poesias
Escolheu não mais tentar encontrar
Palavras que rimem com desejar
Os versos que guardava no bolso
Alguns ainda não terminados
Foram jogados ao vento
Não quer guardar intenções poéticas
Tem certo medo de magoar alguém
E um enorme pavor de se magoar
Sabe que mágoas são inevitáveis
Mesmo assim despoetou
Cansou de brincar
E as curvas suntuosas da poesia
Tornaram-se uma linha tênue
Mas não existe ex-poeta
É agora um abafado poeta
Em seus pensamentos ainda vagam encontros silábicos
Transformando-se em palavras
Em orações
Em versos
Em poesias
Eu sei que seu coração está a poetar, é inevitável
(ana maria de abreu)

5 de março de 2006

Invasão

Seu jeito de me invadir
Faz-me perder os sentidos
Toma-me como se fosse sua propriedade
Mal me deixa respirar quando me segura
Uma asma me toma
Fico arquejando
Querendo respirar seu cheiro
Meu corpo trôpego pede mais
Não cansa
Só ama
Seu olhar fuzila meu ventre
Que estremece sem controle
Suas mãos apertam minhas pernas
E eu me assusto de tanto desejo
Sem forças, já sou sua
Nessa invasão aos meus territórios
Eu já me rendi
Você se apossou de mim
Aquele poeta é pretensioso
Teima em teimar com a minha teimosia
E eu teimo em dizer que não teimosa
Quando vamos aprender?


O poeta pensa que só ele escreve poesia
Mas a poesia também sabe escrever o poeta